7 de agosto de 2012

cadê?

Realmente não sei se trata-se de um momento de crise profissional, mas parei um pouco para pensar nos desfiles de moda mais incríveis que já vi. Acreditem, já vi muitos e de todos os tipos (sou estilista de formação), mas houve dois, específicos, que mais me emocionaram e chamaram minha atenção. Um deles foi o que o brasileiro Jum Nakao apresentou no SPFW de Junho de 2004, naquele que seria o seu último desfile. O outro, foi o que o turco-britânico Hussein Chalayan apresentou na primavera/verão de 2007.
No desfile de Jum, modelos com perucas estilo Playmobil rasgavam seus vestidos em estilo vitoriano feitos em papel ao final do desfile, chocando á todos com seu conceito de que a moda seria um meio, e não um fim em si mesmo.
Já no desfile de Challayan, a tecnologia invadiu as passarelas, transformando as roupas de forma mágica. 
Enquanto Jum quis passar sua indignação sobre valores, mostrando que há coisas que ficam para trás, Challayan provou que o tempo só tem a acrescentar. Apesar disso, ambos tinham muita coisa em comum. Além de abusarem da ausência de cores usando o branco em suas criações, ambos trouxeram a mesma preocupação: a de construirem um conceito com conteúdo. Além disso, ambos tinham em comum também, o fato das roupas se perderem no espaço, trazendo o conceito da matéria efêmera, seja ela para frente ou para trás do nosso tempo.
Enfim, conceitos não faltaram, mas o que mais me chamou a atenção foi o fato da criatividade na inovação e da beleza das roupas não terem se perdido no meio deles.
Em tempos modernos, onde grandes marcas transformam desfiles em performances, onde as über-models, os mega-cenários, as trilhas sonora assinadas pelo DJ do momento, e claro, os ilustres convidados da primeira fila acabam chamando mais a atenção que as roupas desfiladas, fico meio na dúvida se acabaram se esquecendo do que deveria ser a estrela principal do momento: o talento do criador.