30 de julho de 2013

olho vivo

Em uma recente viagem que fiz, fiquei intrigada com uma coisa. Ao passar pela Turquia, os turcos se vangloriavam diante de seus olhos turcos e queriam vendê-los a todo custo. Já na Grécia, esses se ofendiam quando eu perguntava sobre a procedência dos olhos " greek eye! ", eles respondiam. Na dúvida comprei um de cada.Mas afinal, qual a diferença entre os famosos olhos turcos e gregos?
Resolvi ir um pouquinho mais afundo e pesquisei sobre o assunto.Não encontrei minha resposta, talvez porque não haja, mas deu pra encontrar muita coisa interessante. Segue abaixo um pouco do que encontrei sobre a cultura dos diferentes olhos que adotamos no mundo.


Conhecido como Olho de Horus (udjat, em árabe), a imagem aparece desde o início da civilização egípcia (3 mil a.C.) e é usado até hoje.Trata-se de um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas.A decoração do símbolo é inspirada no falcão, pois é uma mistura do olho humano com o olho do animal. 


Segundo uma lenda egípcia, o d'us Horus teve seu olho arrancado e depois restaurado e recolocado através da magia. “Por esse restabelecimento da visão, o símbolo traz a idéia de vigor, força e saúde”, explica Antônio Branca Glion, egiptólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “No Egito antigo, a imagem era usada tanto por vivos quanto por mortos, pois é encontrado em caixões, tumbas, lápides e até em múmias. Os mortos precisavam de vigor para quando chegasse a hora de renascer, e os vivos para ter saúde.”Hoje em dia, o Olho de Horus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar inveja (mau-olhado), mas continua com a idéia de trazer vigor e saúde. 



Olho turco ou olho grego
Acredita-se que este olho protege contra energia negativa e traz sorte. “O objeto é usado em rituais islâmicos e é curiosa a sua adoção por povos cristãos, como a Grécia e a Armênia”, esclarece Safa Jubran, professora de língua e literatura árabe da Universidade de São Paulo (USP). “Em turco, o olho é chamado de Nazar Bancugu. Bancugu quer dizer “conta”, de rosário. A palavra Nazar, da língua árabe e emprestada pela Turquia, significa olhar, visão. Acredita-se que quando existe algum mau olhado, o olho absorve a energia e se quebra, protegendo a pessoa da negatividade.

A forma mais comum do amuleto é o olho de vidro azul. Acredita-se que o mau olhado tem a cor azul, portanto o olho de vidro da mesma cor seria o mais eficaz em desviá-lo. Uma das teorias para a adoção do azul é o fato de se tratar de uma cor rara na população local, que tem, em sua maioria, olhos castanhos ou cor-de-mel.


Também conhecido como o Olho que Tudo Vê, o olho turco – um único olho humano cercado por feixes de luz – é símbolo do poder observador e protetor de um Ser Supremo. Ele aparece no Grande Selo dos EUA e até em alguns símbolos da Maçonaria, onde representa o Grande Arquiteto do Universo. Função semelhante de proteção foi dada ao Olho de Horus, no Antigo Egito, e ao Terceiro Olho do Buda, na Índia.


A fusão de culturas também chegou na elaboração dos amuletos. Como a região que engloba a Turquia coincide com áreas da Europa e do norte da África, onde a ferradura é usada como amuleto de proteção, na Turquia é possível encontrar uma combinação das duas. Ferraduras cobertas por pequenos olhos são as mais 

comuns.


Símbolo utilizado tanto por muçulmanos quanto por judeus (principalmente os de origem árabe, chamados sefaraditas) a Hamsa trata-se de uma mão estilizada, utilizada como amuleto para proteção. Khamsa quer dizer cinco em árabe (a grafia nessa língiua prevê o k), uma referência aos cinco dedos das mãos e os cinco níveis da alma. Pode ser encontrada em dois formatos: uma mão estilizada com um “dedão” de cada lado ou seguindo o formato de uma mão normal. Muitas vezes a hamsa traz um olho em seu centro, indicando proteção contra mau olhado.
O olho no centro da mão é um amuleto antigo, mas ainda muito popular na proteção contra o mau olhado. Combinando o olho que tudo vê grego e turco com a Hamsa árabe e judaica, é freqüentemente encontrado na Índia e na região sul do Mediterrâneo. Por serem grandes e frágeis, são usados como objetos de decoração, pendurados na parede para proteção, de preferência perto de uma porta ou do berço do bebê.

O olho na mão também aparece com conteúdo simbólico ambíguo entre os pequenos artefatos associados a culturas antigas que poderiam ou não acreditar em mau olhado, como as tribos do Mississipi, nos Estados Unidos. Alguns arqueólogos especulam a possibilidade de a presença do olho na mão na América do Norte ser uma evidência de exploração pré-colombiana ou a colonização por marinheiros do Oriente Médio. Outros acreditam que essa presença não passa de uma intrigante coincidência – e apenas isso.



Terceiro olho
Nem só para proteção contra maus olhados serve o olho em determinadas culturas. O terceiro olho, muito comum na Índia, é um exemplo disso.
Segundo os hinduístas, os chakras são pontos de energia que cada um de nós possui espalhados pelo corpo. “São sete pontos principais, que começam na base da coluna e vão subindo até o topo da cabeça”, diz Márcia de Luca, professora de yoga e fundadora do CIYMA, Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda.

O terceiro olho se encontra no sexto chakra, chamado de ajña e localizado entre as sobrancelhas. “Este é um chakra extremamente importante no hinduísmo, pois corresponde a intuição, percepção e desenvolvimento do conhecimento. É através do conhecimento que se pode transcender e chegar à iluminação”, explica Márcia. Pode parecer complicado, mas, para os hinduístas, todos possuem o terceiro olho.

Existem diversas maneiras de representar este chakra. É comum, por exemplo, encontrar imagens de deuses que possuem um olho na testa ou mulheres usando uma espécie de pedra entre as sobrancelhas. É uma forma de ornamentação, mas que não deixa de ser uma enaltação do terceiro olho.