23 de outubro de 2012

plug

Ando preocupadíssima com um assunto que além de já estar afetando grande parte da população (inclusive eu!) ainda afetará milhões de pessoas, e cada vez mais cedo. Estou falando de um problema que criamos sem percebermos sua real gravidade: a dependência tecnológica. Seja o celular,a internet,os games, as redes sociais, ou tudo isso junto (o que ocorre normalmente). Precisamos ficar atentos á esse fenômeno virtual que nos consome, e mais ainda ás crianças, que tiveram uma infância diferente das nossas. 
É realmente assustador como as pessoas tem deixado de viver a vida real para fazerem parte do mundo virtual. Andei reparando em cenas que realmente me chocaram e que se não pararmos para refletirmos, temo que entraremos em colapso.
Temos um mundo real, em 4D na nossa frente, com som real e sem interferências, com as imagens mais nítidas e lindas que existem no planeta, mas chegamos ao ponto de pagarmos (e caro) para assistí-lo digitalmente.
Posso dar um claro exemplo de como as pessoas estão deixando de vivenciar o  presente, postergando o momento para apreciá-lo depois, virtualmente.
Me lembro direitinho quando o Bono (sim, sou fã do U2 e isso faz muuuitos anos!) pediu para sua platéia que acendessem seus isqueiros, formando um lindo visual quente e acolhedor.
Ironicamente, foi o mesmo Bono quem pediu pela primeira vez em um show que sua platéia ligasse o seu celular na mesma musica (One) para que todos se sentissem um só. Seu pedido virou ordem e a platéia foi á loucura. A euforia das pessoas ao verem milhares de celulares brilhando ao mesmo tempo, milhares de pessoas fazendo a mesma coisa juntos. Mesmo com a luz fria dos aparelhos o visual ainda era lindo. Era tudo novidade.
Acho que foi a primeira vez que vi tantas pessoas conectadas virtualmente, e, ao mesmo tempo, a última vez que vi tantas pessoas curtindo um show de verdade e em tempo real. Mal sabia eu que nunca mais veria uma platéia batendo palmas livremente (e com as duas mãos) ao ver sua banda predileta subir ao palco. Mal sabia eu que aquele seria o último show do U2 que eu veria inteirinho ao vivo e no escuro, sem interferência de nenhuma telinha na minha frente, ou a preocupação de pegar um ângulo melhor da banda para postá-lo. Mal sabia eu que essa conexão não cairia jamais...e que ninguém mais se sentiria apenas um.


                     a imagem da platéia que era assim:


                     agora é assim:

                 reparem que os únicos dois sorrindo nessa foto estavam sem celular nas mãos, curtindo o momento na hora...

                     ...ao contrário dos demais, que preferiram perder o momento     ao vivo para curtí-lo depois, virtualmente.