2 de janeiro de 2014

click nervoso

Infelizmente virou um hábito. E ao que me parece, irreversível. As pessoas simplesmente deixaram de enxergar a vida através de seus próprios olhos para vê-la pelas lentes de seus celulares ou pads, como se não confiassem mais neles.
As apresentações de final de ano nas escolas se tornaram uma tortura. 
Se eu não tivesse me tornado a mulher elástico naquele momento tentando me esquivar dos pais mais inconvenientes (na hora H eles sempre aparecem) sinto que teria que mentir a minha própria filha dizendo que a vi cantando no coral. 
Nas férias a coisa piorou. Assistindo ao lindo pôr do sol na praia, me viro para o lado oposto e me deparo com diversos braços erguidos. Os que não seguravam seus celulares estavam de costas, cada um tentando garantir o click mais original, tentando encaixar o sol na palma de suas mãos.
Aquele reveillon de antigamente, que contava com contagem regressiva, abertura de champas, abraços nos amigos, pulada de sete ondas então... já era. Agora estão todos preocupados em centralizar suas lentes e serem os primeiros a postar suas fotos.São os novos tempos, mostrando uma vida cada vez mais solitária e menos privativa.
Acho bacana o hábito de registrar momentos, aliás, amo fotografar, mas o que não podemos nos esquecer nunca é de não deixarmos de viver o momento registrado.